• Texto: Claudia
  • Fotos: Claudia, Cristian e Daniel
  • Câmeras: Fuji XT2 com XF100-400, Nikon D800, Nikon D750, Nikkor 300F4, Sigma 50-500, Sony RX 100 III, Iphones (trocamos de câmeras entre nós algumas vezes)

O Kruger é um dos paraíso na Terra. Provavelmente você já ouviu falar do parque mais famoso da África do Sul, ou viu na tv. Mas o que nem todo mundo sabe é que o Kruger é melhor do que aparece nos documentários ou nas revistas. Não é só maravilhoso e cheio de bichos: também pode ser barato e com todo o conforto de viagem com seu carro e seus horários.

Em outubro de 2017 fizemos nossa sétima viagem pro Kruger. É uma das viagens internacionais mais baratas que você pode fazer. Duas semanas saem por uns US$ 6.500 pra duas pessoas, incluindo o voo saindo de São Paulo.

Essa viagem teve uma mudança logística e um perrengue burocrático grande, que nos custou 1 dia de uma viagem curta (era só 8 dias), mais US$ 2.400. É um problema com quem viaja com menores de idade e só um dos pais, no fim do post explico.

Nossa última viagem tinha sido em 2013. Em geral viajamos em outubro, na semana do saco cheio, porque meu enteado não tem aula. Ou ele vai com a gente, ou ele viaja com a mãe dele, e enquanto eles estão viajando, vamos só eu e o Cris. Das 7 viagens, 3 foram com meu enteado. Costumamos fechar a viagem em fevereiro ou março, porque os campos mais procurados lotam rápido, o certo mesmo seria planejar com 12 meses de antecedência, como muitos estrangeiros fazem.

Neste ano não reservamos com um ano de antecedência porque eu achava que meu enteado ia preferir outro destino, mas chegou março e ele confirmou que queria mesmo voltar pra África com a gente, então compramos as passagens e a estadia.

Pra saber detalhes de como planejar a viagem, veja este post: http://virtude-ag.com/africa-do-sul-kruger-facil-barato/

Por causa do tal perrengue, perdemos a primeira noite em Letaba, e só chegamos em Olifants no final do dia, a poucos minutos do campo fechar. Mas ainda tínhamos 1 noite em Satara, 2 em Croc Bridge, 1 em Skukuza e 1 em Berg-en-dal.

Essa foi a viagem que o Daniel mais aproveitou. Na primeira ele era pequeno (ainda não tinha completado 8 anos), e na segunda vez (ele tinha 10 anos) ele ficou doente, passou a semana mal de virose. Dessa vez ele estava animado pra ver os grandes felinos. Vimos os leões, tivemos dois ótimos avistamentos de guepardos ( um grupo de 6 nas imediações de Satara), e depois um grupo de 4 perto de Lower Sabie. Esse segundo avistamento pudemos observá-los bem de perto, eles estavam deitados próximos da estrada e quando levantaram pra ir embora, passaram do lado da gente. Pena que, diferente da outra viagem, que vimos vários leopardos, dessa vez só tivemos um avistamento, com o leopardo bem longe numa toca perfeita de felino, no alto de uma rocha linda.

Também tivemos a oportunidade de ver um impala morto em cima de uma árvore – arrastado por um leopardo, o que é um feito e tanto, já que um leopardo pesa uns 70 kg e um impala pode pesar uns 50 kg, dá pra ter uma ideia da força dos músculos do bicho. Infelizmente não conseguimos ver o leopardo, era nossa última manhã, tínhamos que pegar estrada de volta a Joanesburgo.

O Daniel tinha se cadastrado num grupo de WhatsApp que compartilha avistamentos no parque (algo que a antiquada aqui é contra, mas falei que não ia proibi-lo), e depois vimos fotos legais do momento em que o leopardo voltou pro impala.

Essa foi uma viagem especial pra avistamentos de rinocerontes. Berg-en-dal é realmente um local incrível pra ver esses bichos, tem até uma aura de vale sagrado, refúgio. Vimos mais de 30, só um dos grupos tinha 7. Vimos até rinoceronte com filhote, uma fofura.

Não pude passarinhar muito. O Daniel estava interessado nos grandes felinos, mas ainda não consegue se interessar pelas aves. Quando vamos só eu e o Cris a sensação é de estar o tempo todo fotografando – já que a gente gosta de aves, mas quando você está só atrás dos felinos, há muitas horas só procurando.

Pelo o que vimos nos quadros de avistamentos, nos pareceu que a região de Lower Sabie é realmente especial para os felinos. É um dos campos que lota mais rápido, e tem um deck muito bonito com vista para um rio.

Os campos também estão com serviços novos de restaurantes e cafés. O restaurante de Lower Sabie por exemplo colocou móveis bonitos no deck, mas infelizmente o serviço é péssimo. A comida levou mais de 40 minutos pra chegar. Quando já tinham passado mais de 20, perguntamos, e garçonete disse que chegaria em menos de 4 minutos, levaram mais 15. Fora do restaurante há uma área com café e salgados e doces, às vezes há fila, mas era o lugar em que você podia pegar algo e sair rapidamente.

Os mercados estavam melhor abastecidos, até com vegetais como tomates, brócolis, milho doce.

Se você quer ver felinos, Satara e Lower Sabie parecem ser os melhores campos. O lado ruim é a quantidade de gente: no sul realmente há muito mais carros do que no norte, incluindo gente sem noção sobre regras de etiqueta dentro do parque. Carros que estacionam atrapalhando a passagem, gente que fica parado pra observar os bichos mas não desliga o carro (e vários são a diesel, fica aquele barulhão). Carros que tentam roubar sua vaga.

Eu tinha falado pro Daniel que poderíamos ira pras regiões com menos carros, mas menos bichos, ou o contrário. Ele preferiu as áreas com mais bichos. Mas se dependesse de mim, eu só iria de Letaba pra cima, e com vários dias em Punda Maria, o campo mais ano norte do Kruger, uma região que concentra mais diversidade de aves.

Mesmo com o perrengue da ida, e sem poder passarinhar muito, como sempre é uma ótima viagem.

 

Mudanças logísticas – já não é fácil chegar no Kruger na hora do almoço

Neste ano descobrimos que a South African mudou horários de alguns voos locais, não tínhamos mais a comodidade de chegar em Joanesburgo de manhã, pegar um voo pra Phalaborwa e estar na porta do Kruger na hora do almoço. Pela primeira vez fomos de carro de Joanesburgo pra Phalaborwa, e foi difícil. São umas 5h de estrada. Por uma sucessão de pequenos atrasos saímos tarde do aeroporto, e chegamos no portão do parque em cima da hora, na verdade, oficialmente a gente não poderia mais entrar, não daria tempo de dirigir até nosso campo.  Mas pegamos uma atendente simpática que não se avexou com os 10 minutos de atraso, falou “vocês conseguem, é só não parar em nenhum lugar”, e conseguimos. Mas não pudemos fazer a tradicional compra nos supermercados de Phalaborwa, teríamos que nos virar com o que encontrássemos nos mercados  dos campos.

 

Questões de burocracia que podem te impedir de embarcar pra África do Sul

Outra diferença da viagem neste ano é a nova política da África do Sul pra menores de idade,  que está em vigor há um ano e meio, mas a gente não sabia – custava a Latam ter mandando um email amigável?, e isso fez a gente perder o voo na ida. Meu enteado não podia embarcar porque estava só com o pai. O passaporte dele tem a frase “é permitido viajar apenas com um dos pais”, e, vocês não vão acreditar, mas a frase está em português. Só em português. Você usa o passaporte pra viajar pra outros países, porque eles não fizeram só em inglês, então? Aquela frase não servia pra nada como comprovante de que o Cris não estava fugindo do país com o Daniel, tínhamos que ter um documento assinado pela mãe do Daniel ou, a atendente nos explicou que não era um procedimento oficial, mas que ela sabia que era aceito: a gente tinha que arrumar um tradutor juramentado, que traduziria a folha do passaporte, e isso as autoridades da África do Sul aceitariam.

Vivemos a aventura de procurar um tradutor pela internet, achar, o Cris ligar, encontrar um que fizesse na hora e aceitasse traduzir a partir de uma foto e não do original, ter um motoboy da Loggi pra ir pegar o documento na agência e nos entregar no aeroporto. Pena que chegou 20 minutos depois do embarque fechar. Tivemos que voltar pra casa, sabendo que tentaríamos de novo no dia seguinte, mas sem certeza de que conseguiríamos embarcar, estávamos na lista de espera.

No dia seguinte conseguimos embarcar, pagando uma taxa a mais de US$ 800 por pessoa (e antes tentaram nos vender a taxa de US$ 1.500 “no voo da Latam há lugar garantido, por um valor um pouco maior. O voo da South African ainda não sabemos se terá lugar”) mas não cedemos. Pensamos que 1.500 era caro demais. Por fim embarcamos e vimos que tinha uns 10 lugares vagos no avião.

Durante o tempo que o Cris ficou na loja da Latam esperando respostas, ele viu várias famílias que também não puderam embarcar, mas no caso deles a situação mais comum era alguém que não tinha o certificado internacional da vacina de febre amarela.

Ou seja, se você vai pra África do Sul, precisa ter o certificado internacional da vacina de febre amarela, e se tem menor de idade viajando com o pai e a mãe, o passaporte precisa ter o nome do pai e da mãe. O passaporte brasileiro tem. Achei um post de tradutores que diziam que o passaporte precisa ter tradução juramentada, mas acho que não é necessário não. Se o menor de idade estiver viajando só com um dos pais, é preciso ter o tal formulário que o outro pai assina e reconhece firma em cartório, ou fazer como a gente fez.

Na verdade, chegamos no controle de passaporte e o funcionário nem olhou pro nosso papel. Havia umas pessoas tentando furar fila, ele estava prestando atenção nisso e dando ordens pra um outro funcionário, nem olhou direito pra gente. Mas claro que você pode pegar um rigoroso que vai querer checar tudo. De qualquer forma, esse papel que temos agora foi checado pelos funcionários da South African no Brasil e eles nos falaram que era um documento válido pras exigências da África do Sul.

 

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