O lugar perfeito para passarinhar existe. Fica a menos de 3h de São Paulo (eu moro em São Paulo, por isso é um quesito importante); tem uma grande área de mata cheia de passarinhos que dão as caras na beira de uma estrada de terra larga; é barato; comida caseira maravilhosa (maravilhosa mesmo, de você comer suspirando); donos apaixonados pela fauna e pela natureza; e o guia oficial da pousada é excelente e te deixa totalmente à vontade para só falar e pensar em passarinhos. As fotos deste post são de 2,5 dias na Guainumbi e 1 dia em Ubatuba.

Conheci a Guainumbi neste feriado e quero voltar muitas e muitas vezes. Além da estrutura perfeita, tive ótimas companhias: o Cris não pode ir, mas multipliquei as alegrias com a Aditi, uma nova super-amiga, cada vez mais apaixonada pelas aves brasileiras; e o Rafael Fortes, o guia oficial da pousada, tão tranquilo e zen que dava pra se imaginar sendo guiada por uma entidade da floresta.

Não consigo imaginar donos melhores do que o João Marcelo e a Adriana, e as pessoas que estavam nessa pequena pousada (atendimento personalizado, capacidade máxima para 12 pessoas) eram biólogos e outros amantes da natureza.

Detesto dizer isso, porque não vou gostar de mandar um email e descobrir que está lotado, mas preciso falar: se você ainda não conheceu a Guainumbi, precisa passar um fim de semana lá.

Minha eterna gratidão ao Luiz Carlos Ribenboim, que foi quem deu a dica da pousada e do guia.

Imagine um lugar em que o caneleiro-verde, Pachyramphus viridis, te dá uns 15 minutos de moleza. Foi meu primeiro avistamento desse titirídeo, que tem uma combinação única de disposição de cores. O corocochó, Carponis cucullata, canta o tempo todo e sempre responde ao playback, mas só apareceu uma vez. É difícil traduzir a majestade desse cotingídeo. Já tinha achado ele bonito pelas fotos, mas vê-lo no alto dos eucaliptos olhando pra gente foi emocionante. Ele tinha um olhar que era uma mistura de sabedoria e argúcia.

O pica-pau-dourado, Piculus aurulentus, pousou a menos de 5m. É a minha melhor foto desta espécie, só lamento o timing: foi justo no momento em que nem a Aditi nem o Rafa podiam fotografá-lo (por causa de uma bagunça que eu fiz com a câmera da Aditi), e eu tomei a decisão egoísta de não parar de fotografar para ajudá-los, porque sabia que o bicho iria embora e nós três ficaríamos sem a foto. É a única coisa que tira o brilho da foto.

Não bastou ter todo esse mole na Guainumbi: sábado choveu o dia todo, mas na companhia do Rick Simpson tivemos a oportunidade de fotografar o papa-moscas-estrela, Fork-tailed Tody-Tyrant, Hemitriccus furcatus.

Com o Rick e a Elis, também passamos no Jonas, mas infelizmente ele não estava lá para eu agradecê-lo pessoalmente (minha foto do Avistar foi tirada no quintal dele). Passamos no Itamambuca para conversar com o Dimitri, e à noite o Rick nos levou de volta para a Guainumbi.

A Guainumbi é um lugar tão especial que nem fiquei espantada quando o curió, Sporophila angolensis, apareceu pouco depois de eu ter perguntado para o Rafa se tínhamos chance de vê-lo.