Comemoração de birdwatcher é no meio do mato, faça chuva ou faça sol

  • Texto e fotos: Claudia. Fim de semana rrromântico com o Cris
  • Local: http://montanhasdojapi.com.br/
  • Muita chuva e fotografia macro
  • Câmeras: macro com a velha e excelente Nikon D300 e lente 105mm 2.8 novinha. Aves com a Canon 7D e lente Canon 100-400mm

Nunca fomos da balada, mas já fomos do tipo que fazia festas no apartamento. De reunir muitos amigos, de ter gente querida que bebia tequila pra ficar estragada uma semana. Mas a verdade é que eu não gosto de festas. Porque gosto de conversar com as pessoas, e nas festas que fiz, sempre ficava a sensação de que não dei toda a atenção que muitos amigos queridos mereciam, que deixei alguns num canto. Então decidi: amigos eu encontro em jantares, bares, casais ou grupos pequenos. Aniversário se comemora de outro jeito. No mato, por exemplo.

Em janeiro é meu aniversário. Alguns dias antes, comecei a procurar um lugar perto de São Paulo, com mata nativa. Depois de passar por muitas pousadas e hotéis-fazenda que enfatizavam o quanto eles eram grandes, com salões para mil pessoas, diversas piscinas, fazendinha onde você pode passar a mão no carneirinho, estrutura pra família toda inclusive pro cãozinho, caí no site do Montanhas do Japi. Pousada com 3 quartos, uma casa mais afastada com 2 quartos, mata nativa, a 1h de São Paulo.

Sabia que ia chover muito, e que havia pouca chance de fotografar aves. Mas meu principal interesse era bem menor: sempre me interessei por flores e insetos e, depois de ensaiar muito, acabei pedindo de presente uma lente para fotografia macro. Ganhei do Cris a incrível 105mm 2.8 da Nikon e queria estrear. No começo do ano, na tradicional semana em Campos do Jordão, eu tinha me divertido com umas compactas, fotografando joaninhas e aranhas, mas uma DSLR com uma lente pro como a 105 é outra história.

Depois faço um post das primeiras impressões sobre fotografia macro (neste post não estão todos os insetos que registrei), mas queria dizer que fotografia macro é uma festa ininterrupta, mesmo com uma chuva razoável. Capa de chuva, bota impermeável, capa pra câmera, toalhinha no bolso da capa para enxugar a câmera, e você tem autonomia para passear pelas trilhas. Se puder carregar uma mochila impermeável e guarda-chuva, pode ir mais longe até.

O Montanhas do Japi é um lugar muito agradável, a 1h de São Paulo. Tem uma área interessante, mas as aves são a pedreira de Mata Atlântica. Na chuva, sem playback (quando estou sozinha, geralmente saio sem playback, porque me divirto em ver o que a sorte pode trazer), sem fruteira, sem comedouros. Quase nada de aves, mas eu já esperava. Não que não tenha aves: apenas não é fácil. A Arca de Noé faz levantamento por lá, mas as aves não são fáceis e evidentes. O monitor veio nos convidar para fazer uma trilha para uma cachoeira. Declinamos e perguntamos das aves. Ele não sabia de muitas. Afinal, não tem ponto certo. A pousada fica na beira da mata: se eles investissem em plantas atrativas no jardim, seria uma festa de beija-flores e outras aves.

Perguntamos sobre comedouros, o monitor nos disse que por serem uma área de reserva, era proibido ter. Sei lá, sempre acho isso estranho… a reserva fica junto com uma fazenda. Havia uma pequena plantação de bananas, havia um pé-de-mamão, com mamões verdes, do lado da sede. Qual a diferença de colocar a fruta numa bandeja, ou amarrada numa árvore, ou num pé, eu não sei.

Há uma boa área para caminhar ou andar de bicicleta (a pousada oferece bicicletas). Vários lagos, quartos espaçosos, decoração bonita, pensão completa e comida maravilhosa. Muitas verduras e legumes, que diziam ser orgânicos e da própria serra, acho que eram mesmo, tinham um sabor muito fresco. Forno de pizza, onde eram assadas tortas e quiches que faziam parte do almoço e jantar. Sobremesas como torta mousse de chocolate, pudim de claras, torta de limão com merengue. No café da tarde, o melhor pão-de-queijo que já comi, e bolo de chocolate (mas não sei se estava bom, não comi).

E não era caro: duas diárias para um casal por R$ 640, pensão completa e passeios para quem queria. Eles também têm esquema de day use: por R$ 80 / pessoa você aproveita a estrutura do local, toma café da manhã, almoça, e café da tarde no local. Sem o café da tarde, por R$ 72.

O único ponto negativo é a acústica da pousada. É chamada casa de pedra, e o som se propaga. A sala da TV ficava a uns 30 metros do nosso quarto, mas dava para ouvir. Na primeira noite, um bebê chorou às 4h, por quase uma hora. Acordei, e depois não tive forças pra sair da cama às 5h30, acabei começando o dia mais tarde. Do quarto de cima do nosso, o Cris ouviu sons de móveis se arrastando, e outros. Mas foi azar. Na noite seguinte, os ocupantes dos quartos eram outros (a família com bebê e crianças tinha ido embora, acho que chuva demais), e a noite foi um silêncio maravilhoso. Há uma casinha de dois quartos a 400m da sede principal, com certeza mais tranquila, mas também é mais cara. Pra quem mora na região, o esquema de day use parece ótimo.

É preciso fazer reserva com antecedência. E, se não me engano, não é permitido só entrar para conhecer.

No almoço do domingo, a moça que fazia nosso check out estava nos falando de um grupo de senhores reunidos, acho que incluía a dona do local. Eles discutiam questões de preservação da área. Ela falou que eles enfrentam muitos problemas para preservar. A prefeitura de Jundiaí, como em tantos casos, adora falar da Serra do Japi, dizer que é o cartão postal da cidade, mas na prática não faz nada para preservar a região. Então quem puder, aproveite a Serra do Japi enquanto ela existe. O futuro da natureza no Brasil é uma grande incógnita.