Um festival de aves no verão, a caminho de Campos

  • Texto: Claudia. Fotos: Claudia – Canon 7D e lente 100-400, Cristian – Nikon D800 e lente Nikkor 300 2.8 com tele 2x

Seguindo a escravidão da cachaça (também conhecida como birdwatching), chegou um fim de semana sem o Daniel e precisávamos ir fotografar em algum lugar. Às vezes mesmo com o Daniel saio pra fotografar, mas aí tento pegar os horários em que todos estão dormindo, ou ele sai junto com a gente, mas pegamos leve.

Pensamos em ir pra Campos do Jordão e sair com o querido Rafael Fortes, mas ele estava offline. Veio a ideia de ir no sábado de manhã em vez de sexta à noite e parar no famoso arrozal do Marcão. Quem frequenta o Wikiaves já ouviu falar. O super Marco Crozariol, o próprio do arrozal, é outro amigo querido. Não só deu carta branca para irmos lá, como mandou um relato de como estava de aves, e fez um mapa colorido e didático indicando onde passarinhar.

Saímos de São Paulo tão cedo quanto conseguimos, o que significou chegar no local só às 10h, horário em que passarinheiro honesto já está voltando de 4h de campo. Mais calor, luz mais dura, menos atividade das aves, mas quem tenta sempre consegue alguma coisa.

Como o Marco falou, todas as garças estavam lá: a garça-branca-grande, a garça-vaqueira, a garça-branca-pequena, a maria-faceira, a garça-azul, a garça-moura. Bando de pernilongos-de-costas-brancas. Caracarás, gavião-caboclo. Um grupo de 4 colhereiros, logo chegam outros. Bentevizinho-de-penacho-vermelho. Caminheiro-zumbidor. No milharal vimos uns pequeninos: tzius e coleirinhos.

As garças e os colhereiros estavam se alimentando de uns minhocões, que depois o Marco explicou que não são minhocas, e sim um peixe chamado muçum (Synbranchus), que “fica enterrado no solo quando o arrozal está seco, e sai quando o mesmo é alagado ou a terra é revirada”. Nos divertimos bastante tentando registrar os rápidos momentos em que o muçum ainda não era engolido. Uma garça-branca-grande pescou um muçum vistoso demais e atraiu a cobiça de um caracará. Rápida perseguição aérea, ela pousou, e depois alçou voo de novo. O Cris consegui fotos do segundo voo, bem de perto, e com a super-máquina Nikon D800 com lente 300 2.8 + tele 2x. Veja o post dele, com dicas de regulagem para não estourar o branco em dias de sol.

Ao meio-dia fomos até o Fazendinha almoçar, depois voltamos ao arrozal, e ficamos observando as aves até o dia acabar. Principalmente os pernilongos, os colhereiros, e um rápido banho de uma garça-vaqueira. Na hora de ir embora, já na estrada, ainda pegamos um último gavião. Um carro buzinou, abaixei o vidro, e ele avisou que o capô estava aberto. Escolhi um local para parar no acostamento, fechamos o capô, e de repente olhei, tinha um lindo gavião pousado. A emoção de não saber qual gavião era, tinha cara de juvenil de alguma coisa, e depois procurando no Wikiaves,vimos que é um juvenil de um gavião-caboclo.

O arrozal é um lugar incrível para fotografar aves, e até o final do ano fica cada vez melhor, quem mora nos arredores vale a pena visitar. O ideal é ir com um guia, como o Rafael Fortes, que conhece a região. O Marco disse que o pai dele não se importa que as pessoas vão fotografar por lá, mas o problema é que não há cerca entre os arrozais, e você pode entrar num terreno de alguém que não é tão receptivo como o pai do Marco. O passeio é muito legal, certeza de fotos boas, só vá preparado para sol forte.

PS: o primeiro semestre de 2012 não teve muitos passeios mesmo, apenas as viagens para o Uruguai em janeiro e Nova York em junho. Cris trabalhando, e eu focada em montar o www.virtude-ag.com.