Saudade, show de caneleiros, bom papagaio-de-peito-roxo, perdiz bem de longe. Em Tremembé a sanã-carijó, colhereiros

  • Texto: Claudia
  • Fotos: Claudia (Nikon D800 com Sigma 50-500) e Cristian (Nikon D800 com Nikkor 300 2.8)
  • Na companhia de Cristian Andrei e Rodrigo Popiel. Guiados pelo Thiago Carneiro.
  • Passeio nos dias 25/jan/14 em Campos do Jordão, e dia 26 em Tremembé só até a hora do almoço
  • Originalmente publicado em: http://virtude-ag.com/pa-campos-jordao-tremembe-jan14-claudia-komesu/

O verão é uma época difícil para ver aves na mata, e no sábado do dia 25 de janeiro elas estavam especialmente sumidas e surdas em Campos do Jordão. Mas mesmo tendo que garimpar, foi um dia que rendeu várias fotos.

Fui com o Cris e o Rodrigo Popiel. O Luccas Longo e a Juliana Diniz não podiam. Nosso guia foi o Thiago Carneiro, que havia parado de guiar, mas voltou à ativa neste ano.

No sábado de manhã fomos pra estrada de terra que leva ao Pico do Imbiri. A primeira vez que passarinhei lá foi em setembro de 2012, com o Thiago. Foi um fim de semana com muita atividade, em alguns momentos de não saber para onde olhar. Mas isso era primavera. Agora no verão, apesar de alguns dias antes o Thiago ter ido lá e ter visto várias aves, o sábado foi um típico dia de verão, com grandes intervalos entre um avistamento e outro.

Começamos o dia na estrada pro Pico do Imbiri: choquinha-da-serra, estalinho, borralhara, bico-grosso, arapaçu-verde, arapaçu-de-garganta-branca, tesoura-cinzenta, arredio-pálido, caneleiro, tecelão, maria-preta-de-garganta-vermelha, maria-preta-de-bico-azulado, pica-pau-verde-carijó, pomba-amargosa, irré. Lá pelas 10h30 fomos pro Auditório Cláudio Santoro – aquele lugar em que acontecem as apresentações de música do Festival de Inverno. A entrada é gratuita, os funcionários são gentis e educados, ninguém implica com sua câmera, e há uma boa mata lá dentro, depois que você passa pelas esculturas da Felícia Leirner. Estava bem silencioso, não vimos muita coisa fora trepadorzinho, verdinho-coroado e pula-pula, mas com certeza é um local que vale a pena conhecer. Ah, sim: vimos o cuiú-cuiú, lifer pra todo mundo inclusive pro Thiago, mas só vimos na hora em que o bicho voou, foi uma tristeza geral. Fomos almoçar na casa dos pais do Cris.

A parte da tarde foi mais devagar ainda, mas rendeu fotona da saudade, além da maria-preta-de-penacho, perdiz bem ao longe, canário-rasteiro, papagaio-de-peito-roxo no finzinho da luz. Paramos no ponto que o Thiago conhece, os bichos estavam lá, e logo depois parou o carro do Marcos Eugênio, que guiava dois colegas, e ficaram felizes da vida porque ainda não tinham visto o papagaio-de-peito-roxo – fim do dia é o melhor horário para topar com eles, se você sabe onde eles pousam.

No dia seguinte saímos às 6h (mas queríamos ter saído às 5h30) e descemos para Tremembé. Chegamos no famoso arrozal do Marcão ainda a tempo de ver o sol nascendo. As cores estavam fantásticas, parecia paisagem de sonho. Ficava pensando que escolas de fotografia deveriam visitar o local, só pela paisagem, e de quebra ainda pegariam algumas aves.

Há uma época em que o arrozal ficam coalhado com centenas de aves. Não é agora. É mais para novembro. Mas apesar de não ser o pico, havia muitos garibaldis, caracarás, garças, alguns colhereiros, tipios, várias sanãs-carijós cantando – e finalmente consegui fotografar. Usamos a tal técnica de deixar o playback no chão, do lado oposto da estrada, ficamos afastados alguns metros, e então ela apareceu e cruzou. Outro momento em que foi possível fotografar a sanã foi numa estrada com mais capim, ela ficou desfilando de um lado pro outro e até parou no meio da estrada, apesar de estarmos apenas alguns metros atrás. Talvez com o capim ela se sentisse mais segura. Outro momento bom foi quando o Thiago falou “fotografa aquele bicho”, clicamos o voador, achamos que podia ser algum andorinhão, mas era uma andorinha-do-campo (obrigada, Marco Crozariol!). Apesar de comum, deu uma foto da ave com a boca aberta prestes a comer um insetinho.

Bico-de-lacre, polícia-inglesa, caminheiro-zumbidor, maçarico-de-perna-amarela. E também um gavião-do-banhado, ao longe, mas na perseguição mais incrível que eu já vi. Numa das fotos dá pra contar mais de 100 aves negras (garibaldis talvez?) perseguindo o bicho. Tiramos uma foto,mas ele estava muito longe. Algumas horas depois, voltamos a ver o bando, que continuava perseguindo o gavião. Parecia ter menos perseguidores, mas a caçada continuava. Tentamos chegar mais perto com o carro, mas logo eles foram pra um lugar que a estrada não acompanhava, uma pena.

Estava muito quente, um calor de rachar. Já eram mais de 11h. Fomos pra matinha da prefeitura. Barranqueiro-de-olho-branco, barbudo-rajado. Rendeira respondeu, mas não quis dar muita chance pra foto. Galinha-do-mato também respondeu, mas nada de vir pra área do bambuzal.

E assim encerramos o fim de semana passarinheiro. Muito calor, avistamentos bem espaçados, aves surdas, mas algumas boas fotos. O Rodrigo e o Thiago voltaram para Campos, eu e o Cris seguimos pra São Paulo.

Apesar do calor e da indiferença das aves no verão, foi um ótimo fim de semana. Gostei muito de saber que o Thiago voltou a guiar, e combinamos novos passeios e saídas em breve.

Obrigada Thiago, Rodrigo e Cris pela companhia, amizade e persistência nesse calorzão!