Seleção: aves da minha janela – Vila Madalena – SP

 

As aves estão em todos os lugares. É só prestar um cadinho de atenção, e logo você começa a encontrar várias

  • Texto: Claudia. Fotos: Claudia – e o por do sol é do Cristian. Câmeras diversas, são muitos anos de janela.

Moramos num pedacinho ainda relativamente tranquilo da Vila Madalena. Longe dos barzinhos, perto de uma praça bem promissora para birdwatching – mas que eu nunca tive coragem de ir, porque logo que nos mudamos o porteiro falou de assaltos e arrastões nas redondezas, então, nada de saracotear com equipamento chamativo por aí. E eu não sou capaz de sair só com o binóculo, me deixa angustiada.

De vez em quando tenho a grande sorte de estar olhando pela janela quando aparece alguma diferente. Como uma vez em que eu olhava ao longe, de repente vi uma ave com voo de rapinante e fiquei na mentalização “pousa, pousa, pousa” – pousou. Pegamos o binóculo – era um falcão-peregrino, a primeira vez que a gente via um. Armamos os tripés, pegamos as câmeras, e ficamos eu e o Cris apinhados contra a rede da janela, tentando fotografar.

O falcão-de-coleira é uma visão relativamente comum, até andando a pé já vi. Caracará volta e meia pousa no prédio ao lado também. Hoje foi a vez de um registro novo pra janela: o gavião-miúdo. Olhei pro céu, vi um casal pequeno de asas com as pontas arredondadas e rabo bem comprido. Peguei a câmera, tentei fotografar, mas estava péssimo, céu branco. Eles voaram pra frente do prédio, eu fui pra varanda e consegui registrá-los passando em frente aos prédios do outro lado. Muito, muito longe, mas com fundo bem melhor, e aí deu pra ver claramente que era o gavião-miúdo. Não é uma ave rara, mas eu nunca tinha visto na cidade de São Paulo.

Dois dias atrás, outra alegria grande: um bando de maracanãs-pequenas aqui no telhado do prédio vizinho. Ouvi um sonzinho de pistacideo, olhei pela janela e nem acreditava. Um bando com umas 15. Fui correndo pegar a câmera, mas não tive coragem de armar o tripé, tinha receio de que logo elas voassem. Foi lindo de vê-las.

Na semana passada, uma andorinha-pequena-de-casa pousou no peitoril da minha janela. Vi a sombra do movimento com o canto do olho, fiquei tão feliz, foi a primeira vez que a vi tão de pertinho. Me movia bem devagar para não assustá-la, adoraria que elas passassem a usar o peitoril da minha janela como poleiro de descanso. Não tinha câmera por perto, nem de celular, mas valeu a visão.

Na tal antena do vizinho sempre pousam bem-te-vis, sanhaçus-cinzentos, chopins (o nome oficial do CBRO é vira-bosta, mas esse é um dos poucos casos em que me rebelo), as andorinhas-pequenas-de-casa. Uma vez vi canários-da-terra-verdadeiros. A beirada do prédio é sempre visitada por periquitos-ricos. Na antena, em 2011, também peguei um lindo falcão-de-coleira, que ainda teve a bondade de se espreguiçar bonito antes de voar.

As aves estão em todos os lugares e se você parar para observá-las, verá que todas têm comportamentos interessantes e rendem fotos. Olhe pela janela, há sempre algo bonito para ver.