Viagem com a família para curtir o verão nos Estados Unidos: 14 a 30 de julho de 2015

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Em janeiro de 2015 decidimos que viajaríamos para os Estados Unidos nas férias de julho, nas semanas que teríamos com o Daniel. Não tínhamos certeza se seria uma boa ideia, porque o Daniel é um pré-adolescente gamer. Duas semanas enfurnado em casa ou em Campos do Jordão jogando seriam férias de sucesso, mas um lugar cheio de belezas naturais era trocar o certo pelo duvidoso. Convenci o Cris que deveríamos sim ir, planejamos e fomos. Mesmo com as discussões e conflitos voltamos mais unidos ainda. Este post comprido tem comentários sobre os locais e muitas fotos, agrupadas pelo lugar, para você ver o que conseguimos fotografar em cada ponto do passeio. No final do post há nossos comentários sobre o que mudaríamos numa próxima viagem.

  • Texto: Claudia
  • Fotos: Claudia e Cristian. Câmeras: Nikons D800 com Nikkor 300 f4 e Nikkor 70-200, Canon S120, Iphones, Fuji X-E1 com 18-55

Denver: destaques para os museus

Começamos a viagem em Denver. Passamos três dias na cidade (14, 15 e 16 de julho), com dois Cirque du Soleil, algumas compras, museus e restaurantes. Os restaurantes ganharam um post só pra eles, você pode ver aqui.

– Museu de Arte de Denver: vale a pena conhecer, a parte de arte indígena é muito legal, e a coleção de arte da América do Sul parecia imensa, maior até do que MET. http://denverartmuseum.org/

– O Museu de Natureza e Ciência também vale a pena. Menos impactante, mas o cinema é muito bom (assistimos a Small Giants lá), e a parte de geologia, que simula uma mina, é fascinante. http://www.dmns.org/

Ficamos hospedados num Hampton Inn, um bom motel, que aceita e cuida direito das compras da Amazon: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g33388-d596431-Reviews-Hampton_Inn_Suites_Denver_Speer_Boulevard-Denver_Colorado.html

Denver Art Museu, Denver Museum of Nature and Science, Cirque du Soleil

 

Também fizemos um passeio pelo Rocky Mountain Arsenal, um pequeno parque dentro de Denver, com chances de ver bisões. Não vimos os bisões, mas topamos com coelhos, veadinhos e algumas aves: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g33365-d129082-Reviews-Rocky_Mountain_Arsenal_National_Wildlife_Refuge-Commerce_City_Colorado.html. Os bisões conseguimos ver no Buffalo Herd Nature Preserve, a 20 minutos de Denver. É um local meio deprê, com os bisões bem próximos de uma cerca de alambrado, mas dá para vê-los com facilidade. Já tínhamos visto na viagem de 2005, mas é sempre um momento introspectivo. Antes de 1.800 havia 60 milhões de bisões. Em 1.890 essa população chegou a 500. Agora há uns 350 mil, mas ameaçados pelos problemas de variedade genética e cruzamento com exemplares domésticos. Por tudo isso, mesmo não sendo um lugar muito cênico para fotografar, gostamos de poder observar um pouco desse bicho que teve um papel tão importante na cultura dos índios norte-americanos, e quase foi dizimado pelo homem branco.

Buffalo Herd Nature Preserve e Rocky  Mountain Arsenal, perto de Denver

 

Colorado Springs, Manitou Springs – Garden of the Gods, Pikes Peak, Cave of the Winds

Saímos de Denver e fomos para a cidade de Colorado Springs, conhecer o incrível Garden of the Gods, um parque com formações rochosas pontiagudas, de rocha avermelhada. Era acampamento de verão de tribos indígenas. Com a chegada do homem branco os índios foram dizimados, mas pelo menos tem aquelas histórias bonitas de uma família que compra a área, depois doa o terreno para uma cidade com a condição de que aquele local seja sempre um parque protegido, que as pessoas podem visitar gratuitamente. Fomos duas vezes no Garden of the Gods: num fim de tarde no dia 17 e no amanhecer do dia 19.

Ficamos hospedados na cidade de Manitou Springs, no Comfort Inn, outro bom motel: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g33537-d125839-Reviews-Comfort_Inn_Manitou_Springs-Manitou_Springs_El_Paso_County_Colorado.html

De Manitou fomos conhecer Pikes Peak National Park. Cenários bonitos, você chega a mais de 4 mil metros, mas não achamos o parque tão interessante.

Dica para não ter dor de cabeça com a altitude: quando eu fui pro Peru, quase rachei de dor de cabeça em Cusco, que são 3.400 metros. Mas no Colorado chegamos a mais de 4.000 sem problemas. A diferença foi tomar Advil de 8 em 8 horas, nos três dias anteriores ao passeio em grandes altitudes. Não sentimos nada. O Cris sentiu um pouco o fôlego, mas não tivemos dor de cabeça.

Dia 18 de julho, passeio no Cave of the Winds http://caveofthewinds.com/ considerada uma das cavernas mais bonitas dos Estados Unidos. Claro que tem toda aquela estrutura, organização, lojas, lanchonete, estacionamento, grupos guiados (com guias irritantes que fazem piadas sem graça), mas o pior de tudo é a caverna em si: sem nada de muito interessante se você compara com as cavernas brasileiras. Não valeu a pena.

Garden of the Gods

Pikes Peak

Cave of the Winds

 

Great Sand Dunes National Park

No dia 19, após pegar o nascer do dia no Garden of the Gods seguimos para a cidade de Mosca, onde fica o Great Sand Dunes National Park. Almoçamos na estrada, algum lugar sem grandes destaques, onde também havia um supermercado onde compramos milho, cenoura e carne pra fazer um churrasco à noite. Chegamos no Great Sand Dunes Lodge no fim do dia. http://www.gsdlodge.com/ Esse lodge é um lugar incrível, que precisa ser reservado com muitos meses de antecedência. Não há nada de especial na estrutura, mas a vista é linda. E eles também mantém bebedouros pra beija-flores. Teríamos ficado mais tempo por lá, mas só tínhamos conseguido uma noite nesse lodge.

O Great Sand Dunes NP é muito bonito. Experimentamos um pouco do sand board. Ao lado do lodge havia um restaurante-lanchonete-miniloja que também alugava equipamentos de sandboard. Quando o Cris foi alugar as pranchas, teve esse diálogo:

– Você pode me dar umas dicas?

– Ah, é muito fácil! Você surfa?

– Não

– Você anda de skate?

– Não

– Ah, não se preocupe, vai dar tudo certo

A gente tinha duas pranchas mais largas, pra você descer sentado, e uma mais estreita, dessas de descer em pé. Eu só desci sentada, dunas pequenas, e mesmo assim dá pra sentir uma adrenalina, e também dá pra capotar e rolar pela areia. O Daniel conseguiu descer na prancha de pé, e gostou.

Havia umas dunas bem grandes, em que você via as marcas das pranchas do pessoal experiente, que descia em zigue-zaque como se fosse uma pista de ski.

O parque estava cheio de gente. Um dia nublado, bom pra não torrar na areia. Só duas coisas chatas: às vezes ventava muito, de não dar pra ficar sentado no chão porque a areia ficava voando no rosto. E o fato de não ter comodidades como teleférico, você tinha que subir as dunas com suas próprias pernas, era bem cansativo. Mesmo assim gostamos muito do parque.

 

Mesa Verde National Park

Saindo da cidade de Mosca seguimos para a cidade de Mancos, onde fica o Mesa Verde National Park, um lugar que queríamos conhecer por ter uma atração arqueológica, a cidade de pedra do The Pueblo, um povo indígena que dominou a região de 600 a 1.300.

No dia 21 passeamos pelo parque, vimos o sítio arqueológico, muito bem preservado. Levei a câmera, mas não consegui passarinhar muito.

No dia 22 voltamos pra Durango, pra fazer passeio de rafting. Adoramos! Não consigo lembrar o nome da empresa que contratamos, mas tem várias, e com certeza todas são boas. Foi nossa primeira vez no rafting (e depois disso é que decidimos ir pra Brotas – SP), a condutora do nosso bote era uma moça loira bonita muito simpática, alguém simples e sincera, a ponto de nos contar de uma das primeiras vezes que estava guiando um bote profissionalmente, sendo avaliada pelo dono da empresa, o rio estava com bastante água, o bote deles bateu numa pedra submersa e um dos garotos que estava no bote caiu na água. Ela ficou tão agoniada que se atrapalhou e perdeu um dos remos. Felizmente o garoto sabia nadar, não aconteceu nada grave. Mas admiro alguém capaz de contar uma história dessas sem medo de ser julgada. Fizemos um ótimo passeio pelo Animas River, aquele rio que duas semanas depois sofreria com o vazamento dos dejetos de mina, que deixou a água cor de laranja.

Dormimos em Mancos esses dias 21 e 22, ficamos no Mesa Verde Motel https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g33536-d83309-Reviews-Mesa_Verde_Motel-Mancos_Colorado.html

 

Durango

 

Ouray, Suíça dos Estados Unidos

No dia 23 seguimos pra Ouray, a Suíça americana. Cidadezinha encravada entre montanhas, turística. Tem estradas bonitas, trilhas, mas a verdade é que estávamos cansados, e não fizemos grande coisa além rodar de carro pelas estradas bonitas e aproveitar o quarto do hotel do Hot Springs Inn. Era espaçoso, com decoração bonita. Em geral não precisamos de acomodações caprichadas, mas nesse a gente se esbaldou. E a vista também era bonita, havia uma varanda que dava para um riozinho, com as montanhas ao fundo. Ficamos em Ouray dias 23 e 24, descansando bastante. Andamos por algumas trilhas, mas não consegui passarinhar muito. https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g33581-d574400-Reviews-Hot_Springs_Inn-Ouray_Colorado.html

Ao lado do hotel havia a Hot Springs, uma piscina com águas quentes termais. Mas não tivemos interesse de ir.

 

Ridgway

No dia 25 saímos de Ouray e fomos pra cidadezinha de Ridgway, para mais uma aventura aquática. No dia anterior tínhamos passeado por lá, parecia ser legal, e paramos numa das lojas de aventura, a Rigs Adventure https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g33620-d2669106-Reviews-RIGS_Adventure_CO_Fly_Shop_and_Guide_Service-Ridgway_Colorado.html, e combinamos um passeio para o dia seguinte.

O Cris e o Daniel estavam ensaiando fazer pesca esportiva de truta. Eu não iria, ficaria passarinhando. Depois eles acabaram desistindo, e fizemos só o passeio naqueles caiaques duplos. Chegamos cedo na cidade, e aproveitamos pra rodar um pouco pelas estradas antes de ir pro ponto de encontro. Fotografei alguns esquilos bem bonitinhos, um quiri-quiri em voo ótimo, um desses cowbirds.

No passeio o Cris e o Daniel foram num caiaque, eu fui sozinha, nosso instrutor foi em outro. Começamos o dia com uma pequena aula numa represa, depois fomos pro rio. Tinha muitos trechos para encalhar, alguns que você tinha que ficar rebolando e dando pequenos pulinhos dentro do caiaque pra conseguir sair. E o trecho final foi bem cansativo, porque era largo, sem correnteza, você tinha que ir remando até o ponto de embarque. Uns dois quilômetros. Nosso instrutor contou que nos dias que tem vento contra pode ser quase desesperador. Eles não contam isso quando você contrata o passeio, mas não tem problema, foi divertido e acabou com a gente. Meus braços doeram tanto aquela noite que eu ficava pensando que se não melhorasse, no dia seguinte eu teria que pedir pra ir pro hospital, mas no dia seguinte estava melhor.

É estranho dizer isso, mas em Brotas o esquema é mais profissional: uma empresa como a Alaya Turismo tem uma equipe de apoio, que ajuda os caiaques e botes a não encalharem nos trechos mais pedregosos, os caras ficam já em pé no rio, empurrando pra não encalhar. E não tem nenhum trecho que você precisa remar muito.

 

Montrose – Black Canyon of the Gunnison National Park

Depois do passeio em Ridgway seguimos pra cidade de Montrose, onde ficamos só uma noite, mas foi uma boa sede para conhecermos o Black Canyon of the Gunnison National Park. Fomos ao parque no fim do dia 26, e depois na manhã do dia 27. https://www.tripadvisor.com.br/Tourism-g143014-Black_Canyon_Of_The_Gunnison_National_Park_Colorado-Vacations.html, um lugar muito cênico com suas formações rochosas, paredões que parecem pintados, canyons profundos. A Painted Wall tem quase 700 metros.

Além dos cenários espetaculares, também o Black Canyon também me rendeu duas das minhas melhores fotos de fauna da viagem: um esquilo com as bochechas cheias, com jeito de satisfeito e orgulhoso, e um Cooper Hawk com um esquilo nas garras.

 

Estes Park – Rocky Mountain National Park

No dia 27 à tarde seguimos para a cidade de Frisco, parada técnica para chegar até o Rocky Mountain National Park.

No dia 28 seguimos viagem para a etapa final: Estes Park, nossa cidade-sede para ver o Rocky Mountain National Park. Sabíamos que é um lugar incrível para ver fauna, um dos mais bem falados do país. Mas estávamos com medo de muvuca, todos os guias diziam que julho é uma época que lota muito, tem filas, gente demais.

O que a gente descobriu, e depois confirmei com um amigo que tinha ido pra Califórnia em julho, é: os gringos sabem nada sobre o que é um local lotado. Eles não sabem o que é Campos do Jordão em julho, ou as praias no carnaval e em feriados de dias quentes. Não se preocupe com o lotado de Rocky Mountain, o lotado deles é ter uns 5 carros na sua frente na fila pra entrar no parque, cruzar com pessoas nas trilhas, nas estradas dos parques. Já fomos pra Yellowstone em julho, os lodges ficam lotados com meses de antecedência e pode haver pontos de congestionamento no parque. E dizem que Yosemite também lota bastante, mas mesmo assim, considero tudo dentro do aceitável pra quem está acostumado com o Brasil. O principal cuidado é se programar com meses de antecedência, para conseguir acomodações boas.

Se soubéssemos que esse lotado não seria tão terrível teríamos reservado mais tempo para esse parque. O Rocky Mountain é mesmo muito legal. Diversidade de cenários, muitos bichos, tem a tundra alpina, um ambiente com pouca fauna, mas vê-lo florido, com aquela amplitude de céu azul, é uma visão de encher o coração. Concentramos nosso tempo na tundra. Além das flores e de uns passarinhos pequenos, também era o lugar para ver marmotas e elks.

Este painel do Pinterest reúne fotos lindas do Rocky Mountain americano, e também há várias do parque Rocky Mountain canadense: https://br.pinterest.com/explore/parque-nacional-rocky-mountain-947864021000/

Tínhamos só dois dias no Rocky Mountain, depois era voltar pra Denver e pegar o voo de volta a São Paulo.

 

Conclusões sobre o roteiro

– Adoramos os museus de Denver, teríamos dedicado pelo menos um dia inteiro pro museu de arte, e um inteiro pro museu de história natural. Achamos que valeu a pena passar um tempo na cidade.

– Garden of the Gods é imperdível.

– Pikes Peak e Caves of the Wind: descartáveis, pode pular.

– Great Sand Dunes NP: excelente, e você tem que reservar com antecedência pra ficar no Great Sand Dunes Lodge. Reserve pelo menos dois dias inteiros pra ele se você quer praticar os esportes de areia. Se for só pra fotografar as dunas e as pessoas, pode ser só um. Se você conseguiu lugar no Great Sand Dunes Lodge, vale a pena aproveitar os bebedouros para fotografar os beija-flores.

– Mesa Verde: bonito, mas principalmente pra quem gosta da parte arqueológica. Como paisagem e fauna não é tão especial.

– Ouray: cenários bonitos, mas não pra ficar três dias. Acabamos ficando porque estávamos cansados e Hot Springs Inn era muito confortável. Na região, achamos que Ridgway e Montrose eram mais interessantes. Montrose inclusive para passear no Black Canyon of the Gunnison, um lugar que adoramos pelo cenário, as amplitudes dos paredões, e a sorte daquelas duas cenas legais, do esquilo e do gavião. Não havia abundância de fauna, mas os cenários impressionavam muito. Para fotografar fauna, acho que o melhor é mesmo Rocky Mountain.

– Frisco é bonitinha, com ciclovias, montanhas, mas consideramos principalmente parada técnica.

– Rocky Mountain National Park: um lugar que vale muito a pena, com grande diversidade de ambientes, bichos, trilhas. E mesmo no verão, quando os guias dizem que lota demais, não lota demais. Se soubéssemos disso teríamos reservado uns 4 ou 5 dias nesse parque.

Este é o mapa do nosso trajeto

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