Álbuns mono: guepardos, o falcão-peregrino dos felinos
Adivinhe quem vai de 0 a 100km/h em 3 segundos
- Fotos: Claudia e Cristian. A maioria das fotos são com Nikon D300 e Sigma 50-500 VR pra mim, e a 50-500 antiga pro Cris (ele estava com uma 500 f4 que deu problema, então pegou a reserva).
A gente achava que guepardos eram animais reservados, mais para leopardos do que leões. Mas estávamos errados. Na viagem de 2010 topamos com esse exibidão dos closes, no Kruger. Não estávamos sozinhos: havia jeeps em nossa volta, e nunca esquecemos do “o guepaaaarduu!”, exclamado por um italiano. Esse guepardo exibido desfilou na frente de cinco carros, a gente seguindo-o devagar, eu pensando se ele estava levando a gente pra alguma armadilha. Nessa viagem a 500 f4 do Cris estava funcionando, e ele fez sucesso com as italianas do jeep da agência, que ficaram fazendo comentários sobre o tamanho da lente do Cris.
Em 2011, no Kgalagadi. Um lugar bem mais tranquilo, menos carros. Mas nosso primeiro encontro não foi exclusivo. Saímos pela manhã e havia uns carros parados na estrada. “Algum evento náutico e fascinante” (frases de filmes, essa é do Mestre dos Mares). Mas nesse caso era mesmo. Quando chegamos mais perto vimos que eram guepardos, caminhando como se estivessem no Rio de Janeiro, um charme indescritível.
Vocês sabem: guepardos são os falcões-peregrinos no mundo dos felinos. Eles vão de 0 a 100km/h em três segundos, e podem alcançar até mesmo a velocidade de 110km (por alguns segundos apenas, é claro). Eles são lindos e fabulosos, mas foram caçados quase à extinção, especialmente por fazendeiros de gado. Até hoje não existe certeza se há variedade genética suficiente para garantir a sobrevivência da espécie, por isso eles são monitorados e estudados, em lugares como o Kgalagadi, veja que essas fêmeas com famílias grandes têm coleira de rastreamento.
Nessa viagem de 2011 a gente conheceu e comprou o livro do Hannes Lochner, com fotos excelentes do Kgalagadi, e uma delas tinha me deixado muito pensativa: um Springbok (um veadinho pequeno) grávido, morto, dois guepardos despedaçando um feto, o terceiro guepardo deitado no chão, a cabeça enfiada na barriga da mãe morta. É claro que eu sei que é isso que eles fazem: matam animais, e tentam pegar primeiro os mais frágeis. Mas ver uma foto impactante assim é diferente.
Eu estava com essa imagem do feto despedaçado na cabeça, e mesmo assim, quando eles apareceram, me senti totalmente fascinada. O melhor avistamento de guepardos, o momento mais especial da viagem. O Cris viu as orelhinhas no meio do capim alto, demos uma pequena ré, e eles foram se aproximando, sem medo algum do carro. Cruzaram a estrada na nossa frente, e eu não conseguia acreditar: uma mãe com quatro filhotes!
Eu não tinha ângulo pra fotografar, mas acho que se tivesse, não teria forças, estava muito pasmada. As fotos deles cruzando a estrada são do Cris. A família foi se afastando devagar, naqueles passos macios de quem passeia no Leblon, a pontinha do rabo levemente curvada como um gancho elegante.
Ah, sim. O guepardo de pelúcia é o Pop. Vindo diretamente de cima de um freezer da Kibon de uma lojinha de um dos campos do Kgalagadi. Não somos consumistas, mas na terceira vez que a gente entrou na loja, o Cris viu que eu não tirava os olhos do guepardo, e insistiu para que a gente comprasse. Ainda me enganou, dizendo coisas como “a gente pode dar pra um dos nossos sobrinhos”, mas é claro que depois de uns minutos de posse do bicho eu sabia que não ele não seria presente. O Pop passeou de carro com a gente pelo Kgalagadi, e disse que gosta da nova vida na cama do Daniel.