Ainda não éramos passarinheiros, mas já gostávamos das tais viagens de natureza. Na parte de trás do Toyota adaptado para o passeio, só eu e o Cris naquela semana, o excelente Jurandir como guia mateiro. Percorrendo as regiões alagadas da Nhecolândia, Fazenda Pouso Alto, local da Pousada Mangabal. Capim alto, as aves nas margens do rio, os bichos que apareciam no caminho. Junho de 2008, eu pensando que não conhecia nada do Brasil.

  • Texto: Claudia Komesu
  • Fotos: Claudia Komesu e Cristian Andrei. Câmeras: Claudia Nikon D200, Cristian Nikon D300. Dividimos as lentes Sigma 100-300, Sigma 50-500 (sem VR), Nikkor 70-200, Nikkor 300 f4 com tele 1.4. E Cristian usou lentes pequenas para as paisagens.

Não escrevi reporte na época, apenas alguns anos depois, então não tenho detalhes. Lembro que pegamos um voo para Campo Grande, e então um aviãozinho para a fazenda. Era um aviãozinho daqueles bem pequenos, que o corpo do avião é menor do que um Fusca. Já tínhamos saído do solo quando o piloto falou “com licença”, esticou o braço e bateu de novo a porta do Cris, que não estava fechada direito. Estávamos de cinto, seria improvável alguém cair, mas nunca esqueci da cena.

O lugar em que ficamos é a Pousada Mangabal, localizada na Fazenda Pouso Alto. Nhecolândia, um subdistrito de Corumbá – MS. Um lugar muito bonito, bem isolado, cheio de bichos.

Na pousada Mangabal, quartos confortáveis, ótima comida caseira, guia mateiro (o Jura) tranquilo e muito simpático. O dono e anfitrião era o Fernando Barros. O Toyota e o Jura foram só nossos na maior parte do tempo. Nos últimos dois dias chegaram um casal de franceses, e depois o Bruno Selmer (da Techimage) e família.

Paisagens espetaculares, céus vermelhos, nuvens esparsas. Perto da sede, duas grandes árvores-dormitório, com muitas garças e biguás. Araras-azuis- grandes também iam dormir em uma árvore grande e sem folhas. Encontramos tamanduás-bandeira duas vezes, infelizmente sem filhote. O tamanduá-bandeira é praticamente cego, o que ele tem de apurado é o olfato. O Jura se colocou contra o vento e se abaixou ao lado da trilha por onde provavelmente o tamanduá ia passar. O bicho passou ao lado dele, como se ele não estivesse ali.

Veados-campeiro, bugios, quatis, uma fêmea de cervo-do-pantanal, irara, cachorro-do-mato, tatus e, claro, muitas aves. Vimos até o pica-pau-de-barriga-preta, em uma árvore ao lado da sede. No início de 2009 não havia boas fotos dele feitas no Brasil postadas no Wikiaves, a do Cris foi pioneira.

A Fazenda Pouso Alto é um lugar bem especial, mas não é uma viagem barata (principalmente por causa do aviãozinho entre Campo Grande e a Fazenda. A alternativa são 8h de carro). Na verdade nem tenho certeza se eles estão ativos hoje. O domínio pousada.mangabal.com.br está desativado, a informação online que encontrei deles é pelo site da Techimage.

Uma curiosidade: a Fazenda Pouso Alto também foi o cenário de muitas fotos do Theo Allofs para o livro Pantanal: South American’s Wetland Jewel. Você pode ver exemplos das fotos do livro (não sei dizer se são na Pouso Alto) e ler um artigo escrito pelo Adriano Gambarini neste link.