A Amazônia de distâncias curtas e preços acessíveis

  • O vídeo acima tem mais fotos (inclusive as bem ruins), filminhos feitos durante o passeio, e acho que dá um panorama da viagem e uma visão de como são as torres.
  • Texto: Claudia Komesu
  • Viagem com o Cristian Andrei de 2 a 7 de novembro – Manaus, Novo Airão e Presidente Figueiredo
  • Guia: Gabriel Leite – Crax Birding (gabrielzoobio@hotmail.com)
  • Fotos: Claudia Komesu e alguns making of do Gabriel Leite. As fotos do Cris estão no vídeo, e depois também vão para o heart3.me
  • Câmeras: Usei uma D750 com Sigma 50-500, pra macro uma Olympus TG3, há algumas imagens com Iphone e com a Nikon B700. Os vídeos foram com Iphone, a D750 e um com a B700
  • Custo da viagem R$ 8.405 incluindo a parte aérea (São Paulo – Manaus), passeios de barco, e ida à ZF2 que exige aluguel de 4×4. Detalhes no final do post. Quando publiquei este post no dia 17/11 estava como 8.705, mas era um erro não ter feito um ajuste do jantar em Manaus, que foi um gasto atípico. Corrigi e no final do post mostro uma simulação de gastos com viagem de três pessoas, em que o custo sairia em torno de R$ 3.100 por pessoa.

Contratei o Gabriel Leite pra ser meu guia em Manaus, pro feriado de 2 de novembro. Sem saber quem ele é, só porque gostei da postura dele em algumas mensagens que trocamos.

Se eu tivesse pesquisado o mínimo, saberia que estava contratando um super-ornitólogo, que já trabalhou em vários projetos importantes no Tocantins, na Amazônia e no apoio ao Tanquã, que morou 14 meses numa comunidade ribeirinha no Amazonas, que é amigão de um pessoal bem querido (Marcelo Barreiros, Tomaz Melo, Marco Crozariol), portanto é claro que só podia ser gente boa.

Mas não pesquisei. Não sabia nem a cara dele, não cliquei na página do Facebook, não olhei no Wikiaves (ou teria visto que ele é a pessoa com mais registros sonoros publicados). Só confiei na intuição.

Fui pra Parauapebas em 2011, e desde então não tinha vontade de voltar pra Amazônia brasileira.

Neste ano decidi tagear minhas fotos e revendo a viagem pro Peru em 2013 com as queridas Rosemarí, Hideko e o querido Adrian, deu saudades do Peru. Cheguei a falar pra Rosemarí “com saudades do Peru”, e falamos de voltar. Mas quando comecei a conversar com o Gabriel, pensei “não preciso deixar a Amazônia pro ano que vem, acho que dá pra ir agora”. Era setembro, perguntei se ele podia nos guiar no feriado de 2 de novembro, ele topou.

Foi uma viagem maravilhosa, uma das melhores que já fiz. Pegamos tempo bom (pros padrões amazônicos), as poucas chuvas não atrapalharam em nada os passeios, vários bichos atenderam ao playback e pousaram perto. Não fez tanto calor, não tinha muitos insetos, não teve nenhum perrengue ou imprevisto.

O Gabriel montou um roteiro em que na maioria dos dias estávamos hospedados a 15 minutos do passeio, só teve um dia que precisamos sair às 3h30, pra ver a famosa ZF2.

Comemos peixes deliciosos na maioria das refeições, o único lugar de acomodações mais precárias valia a pena pelas trilhas ao redor e por ser bem mais barato do que a alternativa.

O Gabriel não é só competente: ele pertence à classe dos ótimos guias que permanece o passeio inteiro focado nos seus interesses, sabe conversar sobre diversos assuntos e não emana ansiedade ou preocupações, e olha que haveria motivos. Ele estava a 15 dias de entregar a tese de doutorado, ainda tinha trabalho pra fazer. Mesmo na tarde que voltamos pra Manaus, liberamos ele pra só nos ver no dia seguinte, mas ele foi jantar com a gente.

Me sinto agradecida ao Gabriel pela competência, dedicação, postura. Depois dessa viagem, a vontade é de voltar várias vezes.

Dia 1 de novembro – chegada em Manaus

Chegamos tarde em Manaus, quase meia-noite, voo atrasado. Gabriel foi nos buscar no aeroporto e nos levou pro Ibis Manaus Distrito. Ele tinha que ir pro aeroporto pra pegar o carro, que estaria no nome dele como condutor, falei que ele poderia pegar o carro mais cedo e nós iríamos de Uber pro hotel, mas ele insistiu em ir nos recepcionar.

 

Dia 2 de novembro – passarinhando na Torre do Musa e ida para Novo Airão

O Ibis Distrito tem o café da manhã em horário especial mais espetacular que já vi. Às 5h achava que teríamos um pão com queijo, mas o que vimos foram as mesas quase completas, incluindo frutas, vários frios, ovos mexidos, pão-de-queijo quentinho, pães recheados, bolos, suco detox. E tudo isso só pra gente, éramos os únicos clientes nesse horário. Fiz questão de perguntar o nome do rapaz que estava servindo as mesas, é Benedito, elogiei-o e falei que ia escrever pro hotel. O Booking mandou um pedido de avaliação e falei do café da manhã e do Benedito. O Ibis fica junto com o Novotel, que é mais caro, e o café da manhã no Ibis é no saguão do Novotel. Achei o quarto do Ibis muito bom, e tem a vantagem de você pagar menos pelo café. Se você está hospedado no Novotel, custa R$ 35 / pessoa. Se você está no Ibis custa R$ 23.

Fomos pra torre do Musa. Pra entrar cedo é preciso agendar com antecedência e há uma taxa de R$ 50 / pessoa (o guia não paga). Ficamos a uma altura de 28 metros. Tínhamos levado as câmeras nas mochilas, um erro que não fizemos mais. O certo é levar a câmera fora da mochila, para ela ir aclimatando. Quando tiramos as câmeras, no alto da torre, foram alguns minutos de lente muito embaçada, metal suando, se algum bicho legal tivesse aparecido nesses primeiros minutos não teria como fotografar.

Na torre fotografamos saíra-negaça, chincoã-de-bico-vermelho, ferreirinho-pintado de perto, pomba-botafogo de perto, boas fotos do arapaçu-de-listras-brancas e da pipira-de-bico-vermelho, urubu-da-mata, gavião-carijó, ariramba-do-paraíso, tiê-galo, saíra-beija-flor, saí-azul, gaturamo-verde. Enquanto estávamos lá, apareceram os colegas Eleonora e Valmir, que moram em Manaus. Eles ficaram pouco, consideraram o movimento fraco. Eu já sabia que numa torre você veria a maioria das aves de longe, e que as fotos espetaculares com os bichos de perto dependem principalmente de uma árvore com flores ou frutas próxima. Mas infelizmente não tivemos essa sorte.

Lá pelas 10h30 era hora de ir embora. Descemos, quando fomos pegar água passamos um tempo papeando com uns universitários simpáticos que queriam saber de onde éramos, e depois tive o prazer de conhecer o Anselmo d´Affonseca. Se você acompanha a comunidade sabe quem é, um birdwatcher que mora em Manaus e autor de algumas das fotos mais incríveis da Amazônia. É um homem muito simpático e fez questão de nos mostrar mais um lifer, uma corujinha-orelhuda. Ele e o Gabriel passaram uns minutos trocando informações sobre avistamentos recentes, eles falavam os nomes científicos e o Gabriel tinha a bondade de traduzir em português pra mim. O Anselmo também mostrou uma foto linda de um tovacuçu que ele fotografou recentemente em um dos ramais.

Birdwatchers podem passar horas papeando, mas tínhamos que chegar em Novo Airão, então nos despedimos e pegamos a estrada.

Do Museu da Amazônia a Novo Airão são três horas. Na metade do caminho fica o Balneário Cirandeira Bela, um local com hospedagem e restaurante. Quando há árvores frutificando é um bom lugar pra passarinhar, mas dessa vez íamos só almoçar. Na entrada da propriedade o segurança olhou pra gente e já queria cobrar a taxa de R$ 20 de birdwatching (que tipo de criatura está de calça comprida e manga comprida em vez de regata e shorts), mas explicamos que era só almoço. O Gabriel ainda perguntou “está lotado? O almoço demora pra sair?”, “não, sai rapidinho”. Pedimos um tambaqui assado, que levou 1h hora pra chegar. Estava delicioso, então a gente esqueceu a chateação de ter que esperar tanto e da sensação de trouxa por acreditamos no segurança. O Gabriel falou que há outras opções de alimentação na estrada, e que geralmente o Cirandeira não demora tanto (provavelmente era por ser feriado), mas reconheço que o Cirandeira valeu a pena. http://www.cirandeirabela.com/index.php

Em Novo Airão ficamos hospedados na Pousada Novo Airão. https://www.booking.com/hotel/br/pousada-novo-airao.pt-br.html. Um local bem simples mas com tudo que birdwatcher precisa: quarto limpo, sossego, ar-condicionado e café da manhã cedo. A gente estava bem cansados, por causa do atraso do voo tínhamos dormido menos de 5h, mesmo assim pedi pra gente dar uma volta no fim do dia. Descansamos um pouco e depois das 16h fomos pro ramal no km 10. Já estava escuro e bem quieto, mas ainda conseguimos ver e fotografar um belo pica-pau-de-barriga-vermelha. Essa foi a única noite em que comemos mal. O restaurante que o Gabriel conhecia, o Sabores do Sul, estava fechado, comemos num boteco mas não estava bom.

 

Dia 3: Anavilhanas – arena de rabo-de-arame e o fim do dia com uma escolta especial

O dia seguinte foi em Anavilhanas. Tomamos café da manhã cedo, o Gabriel disse que a Vanilce e o Luiz Fernando estavam hospedados na pousada e que também iriam levar clientes pras ilhas. A Vanilce e o Luiz são outros guias de Manaus muito bem falados, eu queria conhecê-los, tinha até pensando em avisar antes que eu estava indo pra Manaus, mas acabei não fazendo nada.

O trajeto do continente até a ilha onde iríamos passarinhar foi curto, com uma visão bonita do dia clareando no Rio Negro, bando grande de periquito-testinha e vários papagaios-da-várzea. Antes de irmos pra atração principal da manhã, uma arena de rabo-de-arame, paramos para procurar alguns bichos típicos daquela vegetação. Fotografamos o amarelinho, choquinha-de-peito-riscado, choca-de-crista-preta.

Saímos desse ponto e fomos para o local do rabo-de-arame. Que espetáculo de bicho. Lindo, coloridíssimo, fotogênico, e manso. Mas o Gabriel explicou que a mamata é agora, em outras épocas do ano ele fica mais distante. Nesse ponto do rabo-de-arame também fotografamos choquinha-da-várzea, choca-preta-e-cinza, ariramba-de-cauda-verde, solta-asa-do-norte. Ao lado do rabo-de-arame havia uma arena de rabo-branco-do-rupununi. Não dava vontade de sair de perto do rabo-de-arame, mas fomos lá. Depois de alguns minutos de baile, um beija-flor bonzinho do bem pousou num lugar com luz, no aberto, e pudemos fotografá-lo.

A Vanilce e o Luiz Fernando apareceram, e os clientes eram o Henrique Coelho e a Rita Carvalho. Eles também são de São Paulo, conheço o Henrique pessoalmente porque vendi uma lente pra ele. A Rita eu não conhecia, mas também é muito simpática. Estávamos todos concentrados nas aves, então dessa vez não teve bate-papo passarinheiro.

O céu dava indícios de chuva e iniciamos a volta pro barco. No meio da trilha a chuva começou. Eu e o Cris fomos idiotas de deixar o kit chuva dentro do carro, mas o Gabriel nos salvou. Ele tinha um saco plástico grande onde cabiam nossas câmeras. Foram poucos minutos de chuva, mas ficamos encharcados e poderia ter estragado o equipamento. No fundo fiquei feliz de ter esquecido o kit no carro. Já que as câmeras estavam a salvo, pude apreciar a chuva, que estava uma delícia, fazia anos que eu não tomava uma chuva assim.

Voltamos pro continente, fomos pro hotel nos trocar, almoçamos no Sabores do Sul (pirarucu de manejo, ao escabeche, uma delícia). Tínhamos a opção de ir pra um ramal (um ramal é uma trilha adjacente a uma estrada principal), ou voltar pra água. O Gabriel falou que nas ilhas em geral há mais atividade à tarde do que no continente, então voltamos pras ilhas.

Boas fotos do formigueiro-liso, do arapaçu-riscado, e registros do arapaçu-ferrugem e do pica-pau-de-coleira. De repente o Gabriel ouviu cancão, tocou o playback, os bichos se aproximaram, mas só ficavam pousados muito no alto, às vezes cruzando de uma árvore pra outra, mas a distância entre as árvores era pequena, difícil focar nesse intervalo. Conseguimos fotografá-los no rio. Estávamos tentando atrair um picapauzinho-chocolate, que respondia mas não se aproximava da margem, e vimos os cancões (três pousados). Pedi pra desligar o barco, o Gabriel tocou o playback, eles cruzaram o rio e então conseguimos fotografá-los. Também registramos papagaios-da-várzea e martim-pescador-grande.

Seguimos pelo rio, um caminho longo, acho que foi uma meia hora de barco. Já estava escurecendo. Lembro que de manhã o Gabriel tinha falado sobre ver bacurau-de-cauda-barrada, mas na verdade eu não tinha certeza de qual era o objetivo daquele trajeto. Confesso que se, depois que os cancões foram embora, ele tivesse nos falado “agora vamos seguir meia hora no rio, pra ver os bacuraus-de-cauda-barrada”, eu ia pedir pra gente fazer outra coisa. “o dia está nublado, a luz vai acabar logo e a gente só vai ter silhueta de bacurau”, mas como esse diálogo não aconteceu, pudemos viver um dos grandes momentos da viagem. O privilégio de ver bacuraus-de-cauda-barrada saindo do meio da mata e alçando voo ao cair da noite, um espetáculo. Próximos às vezes apareciam uns cinco de uma vez, e ao longo do Paraná-arraia (um afluente do Rio Negro) o Gabriel e o Cris contaram mais de 100, mas eles não começaram a contar logo no começo, então a gente sabe que tinha muito mais. Eu ainda fiquei tentando tirar umas fotos, mas invejei nosso barqueiro que, enquanto o barco estava parado ficou deitado na quina do barco, as mãos cruzadas sob a cabeça, só olhando pro céu. Acho que o certo era ter feito a mesma coisa.

Escureceu rápido e adorei a sensação de estar no rio à noite, um rio da Amazônia. Me sentia em estado de graça. No passeio da manhã, quando fui entregar o dinheiro do barqueiro pro Gabriel ele falou pra pagar diretamente pro barqueiro. Pagamos R$ 300, um passeio das 6h às 11h. O Gabriel tinha falado que pra sair de novo à tarde ficaria R$ 125 a R$ 150. Eu não sabia que estava combinado ir longe, então quando perguntei o preço, e ele falou R$ 200, achei que era pelo trajeto extra. Eu só tinha R$ 175, ele aceitou, expliquei pra ele que foi um passeio maravilhoso e que se tivesse R$ 200 daria R$ 200. Mas depois o Gabriel me explicou que foi malandragem do barqueiro, que umas semanas antes ele tinha cobrado R$ 125 pelo mesmo trajeto, e que se arrependia de não ter falado na hora que o preço não estava certo. “Tudo bem, não tem problema. Mas os próximos pagamentos, é melhor eu te dar o dinheiro e você paga o pessoal, senão eles olham a minha cara de trouxa e vão querer cobrar mais”.

 

Dia 4 – Breve passarinhada no continente e viagem de volta a Manaus

O dia seguinte foi passarinhada em terra firme. Começamos o dia com um formigueiro-de-cara-preta, logo depois uma galinha-do-mato, e então o cantador-amarelo, que foi bem difícil, e só o Cris conseguiu fotos razoáveis, eu não conseguia focar, às vezes nem conseguia ver. A Sigma 50-500 é boa, mas nessas situações no escuro você não só perde o auto-focus, como às vezes nem consegue ver o bicho pelo vidro. Também fotografamos choca-murina, chupa-dente-de-cinta e patinho-de-coroa-branca. Bichos bonitos, mas tudo bem escuro. Poderíamos continuar, mas estávamos cansados, e falamos pro Gabriel pra gente ir embora, chegar cedo em Manaus, aproveitar um fim de dia urbano, jantar em restaurante. Almoçamos no ótimo Sabores do Sul e pegamos estrada.

Em Manaus perguntamos se o Gabriel não queria tirar o resto do dia pra trabalhar na tese ou ficar com a namorada, mas ele falou que ia nos encontrar no jantar, então falamos pra ele convidar a namorada também, a Érica, uma moça muito simpática, de Santarém. Chegamos no centro de Manaus um pouco antes, ficamos na praça brincando com o time-lapse dos Iphones, e depois jantamos no Caxiri, mas não achamos especial, uma pena, porque a companhia estava ótima. O outro restaurante bem recomendado era o Banzeiro, se você for, sugiro experimentar o Banzeiro.

 

Dia 5: Passarinhando na famosa ZF2 e ida pra Presidente Figueiredo

O dia seguinte começaria dali a pouco, era precisa sair às 3h30 para pegar a famosa ZF2 ao amanhecer. Essa torre foi construída pelo INPA pra pesquisas meteorológicas, mas é excelente pra passarinhar. Quando tem árvores com flores ou frutos por perto, aparecem fotos maravilhosas.

Você precisa de autorização prévia para ir, e deve assinar termos de responsabilidade (o Gabriel nos enviou os papéis, assinamos e mandamos de volta por email). Era uma parte cara da viagem. Pra chegar na torre você é necessário um 4×4, que no Brasil não sai por menos de R$ 500. Por uma questão logística, o melhor seria fazer um esquema de contratar os serviços de um senhor que o Gabriel conhecia: ele sairia de Manaus com a gente, a gente no nosso carro, ele na caminhonete, 1h de estrada de asfalto. Ao chegar no trecho que precisa de 4×4, mudamos pra caminhonete. Eles nos levaria até lá, ficaria esperando, e depois nos deixaria de volta no nosso carro. São só 14km de terra ruim, mas é bem ruim, levamos 1h pra percorrer, isso porque a estrada estava seca, quando chove fica pior ainda. O Gabriel falou que com a estrada seca é possível ir com carro normal, mas é muito demorado, e se chover você corre o risco de atolar. Esse senhor cobra R$ 500 do aluguel mais R$ 140 de combustível. Sairia só um pouco mais caro do que alugar na locadora, e tínhamos as vantagens da experiência do motorista e de já estarmos no caminho pra Presidente Figueiredo. É bem caro, e o Gabriel falou que poderíamos trocar o dia da ZF2 por outra atividade. Mas ir pra Manaus e não ir pra ZF2 parecia sacrilégio, então fomos.

Esse foi um dia que a gente acordou às 3h, teve que pagar R$ 640, andamos uns 10 minutos por uma trilha estreita, eu tropecei num tronco e caí de quatro, você chega na torre e é preciso subir mais de 30 metros de escada, só teve atividades de bichos das 6h às 8h30, depois sumiram todos e nessas 2h e pouco de atividade a maioria dos bichos não se aproximou muito. Ficamos esperando mais 2h30, e nada aconteceu.

Se valeu a pena?

Valeu muito a pena, foi outro dos momentos lindos da viagem. A vista é maravilhosa. Não é algo especialmente cênico, não tem árvores que se destacam, mas é um mar de floresta, e você pensa “estou aqui, na Amazônia, a 30 metros do chão, vendo as copas das árvores”.

Fotografamos borboletinha-guianense, bico-chato-da-copa, macuru-de-pescoço-branco bem de perto, pica-pau-bufador, pica-pau-de-garganta-pintada, maitaca-roxa, maitaca-de-cabeça-azul, minhas melhores fotos de papagaio-diadema, em voo, bonitão, araçari-negro, capitão-de-bigode-carijó, casal de anacã. Uma araracanga passou voando sobre as árvores, não consegui fotografar porque estava longe da minha câmera e não quis sair correndo pra pegar, era fascinante demais observar o voo desse bicho maravilhoso, o contraste do vermelho sobre o mar verde, parecia que ela batia as asas tão devagar, sem esforço nenhum.

Tomamos o café da manhã na torre. O Gabriel tinha carregado um isopor com água, suco de acerola, pão de forma, queijo, salame. Comer um pão com salame com aquela vista faz você se sentir num dos restaurantes mais chiques do mundo.

Lá pelas 9h30 deitei no chão da plataforma e até dormi por alguns minutos, me sentindo uma pessoa muito privilegiada. Às 10h30 choveu, e era nossa última esperança da manhã “quem sabe depois da chuva as aves se animam a voltar”. Mas não voltaram. Quando era 11h o Gabriel falou que não valia a pena esperar mais, e fomos embora.

Perguntamos pro Gabriel como ele classificava aquela manhã em relação a outras idas pra torre, ele falou que foi médio. Umas semanas antes ele esteve lá guiando alguns estrangeiros, e uma das árvores estava com flores que atraíam algumas espécies de saíras, então houve movimentação por mais tempo. Mas de qualquer forma, gostamos muito.

Nosso motorista nos deixou no nosso carro e seguimos pra Presidente Figueiredo. Logo estávamos lá (e no caminho pra sede ainda fotografamos mais um lifer, o chora-chuva-de-asa-branca), almoçamos no próprio restaurante do Iracema Falls, um tambaqui assado excelente. O Iracema tem muito movimento nos fins de semana, mas durante a semana fica praticamente vazio. Mesmo assim, os funcionários são gentis de oferecer jantar, se você encomendar antes. Pra gente foi bastante conveniente.

Depois do almoço descansamos um pouco e logo saímos pra andar nas trilhas dentro do Iracema. O Gabriel tinha falado que o brilho-de-fogo aparecia numas flores vermelhas na beira da estrada. O Cris ficou no quarto dormindo, eu fiquei 1h30 plantada em frente das flores vermelhas, e nada do bicho aparecer. O Gabriel foi até a recepção e os funcionários falaram pra ele que nos finais de semana, como havia mais movimento de carro, o brilho-de-fogo se afastava. Nessa área aberta, perto das flores, o Gabriel chamou uma maria-te-viu, e também havia rolinha-cinzenta, bem-te-vi, sanhaçus, cigarrinha-do-campo. Nas trilhas, fotografamos o andorinhão-de-sobre-branco, macacos-prego, ouvimos udu, mas não se aproximou e, depois de um baile, consegui uma foto do garrinchão-coraia. Voltamos pro ponto do brilho-de-fogo, fim do dia, não tinha mais carros. Ele estava lá, maravilhoso. Pena que no alto e longe.

 

Dia 6: ótimas trilhas em Presidente Figueiredo e a arena de galo-da-serra

Nossa primeira parada do dia foi num pasto, que poderia ter polícia-inglesa-do-norte Eles não estavam lá, mas conseguimos fotografar choca-bate-cabo, iraúna-grande, pomba-trocal. Paramos em outro ponto, tinha o tucano-de-papo-branco, um lindo casal de araras-canindé, curica, abre-asa, um periquito-de-asa-dourada bem ao longe, um tico-tico-de-bico-negro que nos deu um baile e depois ficou alguns segundos parado no limpo, no aberto, perto. Jacumirim, cantador-da-guiana, uirapuruzinho-do-norte, uirapuru-estrela. Essa foi nossa manhã mais movimentada, a que dava a sensação de topar o tempo todo com bichos.

Perto da hora do almoço fomos pra Aldeia Mari Mari, um lugar com hospedagem, restaurante, e uma arena de galo-da-serra a 10 minutos do restaurante. O gerente estava nos contando que de manhã eles aparecem do lado da sede, pra comer açaí, e mais perto da hora do almoço eles vão pra arena.

A Mari Mari cobra R$ 100 / pessoa para visitar a arena do galo-da-serra. Um funcionário acompanha, para mostrar o caminho e para se certificar de que a pessoa não vai perturbar os bichos, ele fica o tempo todo com você. A área está mais ou menos delimitada, até onde você pode se aproximar, uma boa medida.

Chegamos na Mari Mari e fomos imediatamente pra trilha. Estava perto da hora do almoço, tínhamos encomendado um peixe assado, mas queríamos dar uma olhada no galo antes. É realmente espetacular. Contamos uns 8 machos, pousados, tranquilos. O dia estava nublado, parece que em dias de sol há mais atividade, mas foi lindo de qualquer forma. Voltamos pro restaurante, almoçamos, estávamos pra sair quando começou uma dessas chuvas que é rápida mas te deixaria encharcado. Depois da chuva voltamos pra arena dos galos, ficamos um tempo lá, após a chuva o dia ficou mais nublado ainda. Passamos um bom tempo admirando os bichos, e depois fomos embora. Na trilha perto dos galos o fruxu-do-carrasco cantou mas não apareceu, e conseguimos fotografar uma ariramba-bronzeada.

O dia parecia que tinha acabado, mas chegando de volta ao Iracema, já dentro da área do hotel, a gente passou por um gavião-de-cara-preta maravilhosamente pousado perto, no baixo e no limpo. Pedi pra voltar o carro, mas daí ele já voou, e pousou mais pra frente. Saí andando, ele voou de novo. Só consegui uma foto ruim. Nem deu tempo de lamentar o gavião, de repente o Gabriel fala “mutum, mutum”, um lindo casal de mutuns-poranga. E chegando perto da sede do Iracema, fomos pra área do brilho-de-fogo. Ele estava lá, lindo como sempre, mas no mesmo galho alto.

 

Dia 7: o que esperar da última manhã na Amazônia?

Nossa última manhã foi na RPPN Cachoeira da Onça. O Gabriel falou que teríamos chance de ver o maú, o famoso pássaro-boi. O bicho cantou, respondeu ao playback, mas não se aproximou, uma pena. Conseguimos fotografar o formigueiro-de-hellmayr, e então chegamos no momento que pra mim foi o mais especial da viagem: o uirapuru-verdadeiro.

O Gabriel tocou uma gravação linda, mas o mais incrível foi quando o bicho respondeu, com aquela voz de ser encantado da floresta. O Gabriel nos posicionou, falou “provavelmente ele vai pousar naquele tronco”, e pousou, um tronco em que há várias fotos dele no Wikiaves. Mas tinha uma folha na minha frente, eu tinha que tombar o tribé, fiquei desestabilizada e as fotos tremeram.

O bichinho ainda nos deus mais duas chances. O Cris conseguiu focar nas primeiras, pra mim eram folhas demais, e depois pousou num lugar que a gente não tinha ângulo. Cantando. “Podemos ir lá?”, “Podem tentar, mas talvez ele voe”. Demos três passos na direção, e o anjinho não voou, ficou lá parado. Estava muito escuro, escuro de ISO 8.000 mas o cenário era maravilhoso. Ele deixou a gente tirar umas seis fotos, e então foi embora. Outro momento pra se sentir em estado de graça. Sei que não é um bicho raro, mas o canto é tão maravilhoso, a floresta é tão bonita, o ponto dele fica perto de uma árvore grande, majestosa, você pensa “ele escolheu morar aqui porque essa árvore é linda”, e o bicho é muito bonito. Ainda mais nos ambientes escuros, o peito marrom-avermelhado parece brilhar. Ver, ouvir e fotografar esse bicho foi o tal fechamento com chave-de-ouro de uma viagem espetacular.

Mas ainda não tinha acabado.

Na ida, saindo do Iracema tínhamos visto de novo o casal de mutuns-poranga, e logo na saída da rodovia um caracará-do-norte, pousado, em meio a muita neblina. Quando chegamos de volta ao Iracema, o Gabriel ainda achou mais três lifers: tiriba-de-testa-azul, araçari-miudinho (muito no alto, mas estava lá), e um casal de jacamaruçu (quatro espécies de ariramba numa mesma viagem!).

Era preciso encerrar as atividades, precisávamos tomar um banho, fechar as malas e ir pra Manaus.

Terminamos a viagem já combinando o próximo passeio com o Gabriel.

 

Comentários sobre as câmeras

O momento com o jacamaruçu me deu certeza sobre as desvantagens da Sigma 50-500. O Gabriel tinha visto o bicho, me apontou com o laser, mas eu não conseguia ver a olho nu e olhava pela câmera e não conseguia encontrar o bicho. Ele estava ficando desolado, “deixa eu ver na sua câmera”, mas ele também não conseguiu achar. Então ele procurou um outro ângulo, me chamou, e daquele ângulo eu conseguia ver a olho nu e foi fácil focar. Com o cantador-amarelo eu tinha sofrido muito por não conseguir focar o bicho no escuro, não era só uma questão de foco manual, mas uma grande dificuldade para ver. O Cris, com a Fuji XT2 e lente 100-400 se deu muito melhor.

Eu também tinha levado a Nikkor 300 f4 VR com tele 1.4, mas entre 420 e 500 acabei ficando com a 500 o tempo todo. Imagino que nesses momentos de ambiente mais escuro teria sido mais fácil ver e focar com a Nikkor.

Em Anavilhanas encontramos o Henrique Coelho e a Rita Carvalho. Eles estão com uma lente que ouvi falar bem, a Sigma 150-600, e vi algumas fotos do Henrique muito boas, vale a pena ver o perfil deles no Wikiaves.

Também testamos a Nikon B700, essas compactas superzoom de 1.400mm. Umas semanas antes eu tinha ido pra Peruíbe, e vi que a foto do Fabio Barata, de um papagaio-de-cara-roxa ao sol, com uma Nikon P600 tinha ficado muito melhor do que a minha Nikon D750 + Nikkor 300f4 e tele 1.4. Por isso fui pro camelódramo da Paulista e comprei por R$ 1.400 (mais barato do que nos EUA). O Cris também queria uma.

As compactas não têm agilidade pras fotos de ação como uma DSLR, e sofrem com questões de ISO alto. Não consegui resultados como a foto do Fabio, com certeza ele sabe usar a câmera muito melhor, tem mais experiência, mais firmeza. Mas em alguns momentos, com bicho longe, parado, tivemos uns resultados equiparáveis com os das nossas câmeras principais, vou tentar fazer um post depois. Não sei o que ela teria conseguido pros casos de bichos no escuro, só testamos nos casos de bicho que ficou um bom tempo parado, então fotografamos com as câmeras principais e depois testamos a B700, mas na maioria dos casos não havia tempo pra testar a B700.

 

Sobre os guias de Manaus

A Vanilce e o Luiz Fernando devem ser os guias mais famosos de Manaus, e populares entre os birdwatchers brasileiros. Sempre ouço ótimas referências a eles, e as fotos dos seus clientes falam por si.

Não tinha nenhum plano de ir pra Manaus, ou de voltar agora pra Amazônia brasileira. Já tinha até alugado casa de Airbnb em Ilhabela, ia fazer fishwatching no feriado de 2 de novembro. Mas num dado momento da troca de e-mails com o Gabriel veio a ideia de ir pra Manaus, pedi um orçamento e descobri que não era caro, falei com o Cris, ele topou, e foi assim que a viagem surgiu.

A Vanilce e o Luiz Fernando têm guiado muitos birdwatchers há anos, e são bastante experientes e qualificados. Você pode pesquisar Henrique Coelho e da Rita Carvalho e verá ótimas fotos. http://www.wikiaves.com.br/perfil_HenriqueJC, http://www.wikiaves.com.br/perfil_RitaCarvalho. Em alguns dias passamos pelos mesmos lugares. Mas o Henrique e a Rita são bem mais competentes do que a gente. Eu penei bastante com os bichos no escuro, talvez fosse melhor com outra lente, não sou fissurada em lifers, o Cris enxerga mal em locais escuros, cansa, não tem nenhum interesse em lifers, e nós dois não nos importamos em ficar um tempão fascinados por um bicho, em vez de fazer a lista render. (Desculpe Gabriel, você merecia clientes melhores pra divulgar essa sua primeira saída com clientes brasileiros).

O Gabriel já guiou alguns estrangeiros, mas nós fomos os primeiros brasileiros. Ele conhece bem os locais que nos levou. Na verdade, no itinerário ele tinha listado espécies prováveis de se ver em cada local, e realmente vimos a maioria. Algumas saíras tivemos o azar de não ter árvore frutificado perto da torre, e não vimos. Mas ficamos bastante satisfeitos com a viagem.

A Amazônia é muito grande (metade do Brasil, pense nisso), e há espaço pra muitos guias. Recomendo bastante o Gabriel e, mesmo sem ter saído com eles, tenho certeza de que o Luiz Fernando e a Vanilce também são 100%. Os contatos deles: lui_dsc@hotmail.com
vanilce_manaus@hotmail.com Telefones: (92) 9 9486-6986 e (92) 9 9136-3636 (Vanilce Souza).

O Gabriel está montando uma agência (Crax Birding) com um amigo birdwatcher, o querido Tomaz Melo, que levou muitos birdwatchers pro Acre. Além de Manaus e Presidente Figueiredo, logo eles pretendem oferecer outros roteiros. Se tudo der certo vamos conhecer Mamirauá com ele no ano que vem.

 

Listas no Ebird feitas pelo Gabriel:

Anavilhanas: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40379973

Presidente Figueiredo Mari Mari: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40376746

Presidente Figueiredo, Iracema Falls: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40376742

Manaus, Musa: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40376687

Manaus, ZF2: http://ebird.org/ebird/view/checklist/S40376679

 

Gabriel viu ou ouviu 180 espécies, porque somos criaturas lerdas que passam um tempão fotografando só um bicho. Numa viagem guiando birders típicos, ele ouve/vê cerca de 300. Eu vi ou ouvi 130, fotografei 90, sendo 61 lifers. A lista das espécies fotografadas segue abaixo:

Espécie Nome Comum English
Penelope marail jacumirim Marail Guan
Crax alector mutum-poranga Black Curassow
Cathartes melambrotus urubu-da-mata Greater Yellow-headed Vulture
Urubitinga urubitinga gavião-preto Great Black-Hawk
Leucopternis melanops gavião-de-cara-preta Black-faced Hawk
Columbina passerina rolinha-cinzenta Common Ground-Dove
Patagioenas speciosa pomba-trocal Scaled Pigeon
Patagioenas subvinacea pomba-botafogo Ruddy Pigeon
Piaya melanogaster chincoã-de-bico-vermelho Black-bellied Cuckoo
Crotophaga ani anu-preto Smooth-billed Ani
Megascops watsonii corujinha-orelhuda Tawny-bellied Screech-Owl
Nyctiprogne leucopyga bacurau-de-cauda-barrada Tawny-bellied Screech-Owl
Chaetura spinicaudus andorinhão-de-sobre-branco Band-rumped Swift
Phaethornis rupurumii rabo-branco-do-rupununi Streak-throated Hermit
Topaza pella rabo-branco-do-rupununi Crimson Topaz
Megaceryle torquata martim-pescador-grande Ringed Kingfisher
Galbula galbula ariramba-de-cauda-verde Green-tailed Jacamar
Galbula leucogastra ariramba-bronzeada Bronzy Jacamar
Galbula dea ariramba-do-paraíso Paradise Jacamar
Jacamerops aureus jacamaraçu Great Jacamar
Notharchus macrorhynchos macuru-de-pescoço-branco Guianan Puffbird
Monasa atra chora-chuva-de-asa-branca Black Nunbird
Chelidoptera tenebrosa urubuzinho Swallow-winged Puffbird
Capito niger capitão-de-bigode-carijó Black-spotted Barbet
Ramphastos tucanus tucano-de-papo-branco White-throated Toucan
Selenidera piperivora araçari-negro Guianan Toucanet
Pteroglossus viridis araçari-miudinho Green Aracari
Piculus flavigula pica-pau-bufador Yellow-throated Woodpecker
Piculus capistratus pica-pau-de-garganta-barrada Bar-throated Woodpecker
Campephilus rubricollis pica-pau-de-barriga-vermelha Red-necked Woodpecker
Ibycter americanus cancão Red-throated Caracara
Caracara cheriway carcará-do-norte Crested Caracara
Ara ararauna arara-canindé Blue-and-yellow Macaw
Pyrrhura picta tiriba-de-testa-azul Painted Parakeet
Brotogeris chrysoptera periquito-de-asa-dourada Golden-winged Parakeet
Pionus menstruus maitaca-de-cabeça-azul Blue-headed Parrot
Pionus fuscus maitaca-roxa Dusky Parrot
Amazona amazonica curica Orange-winged Parrot
Amazona autumnalis papagaio-diadema Red-lored Parrot
Deroptyus accipitrinus anacã Red-fan Parrot
Myrmotherula cherriei choquinha-de-peito-riscado Cherrie’s Antwren
Myrmotherula assimilis choquinha-da-várzea Leaden Antwren
Sakesphorus canadensis choca-de-crista-preta Black-crested Antshrike
Thamnophilus murinus choca-murina Mouse-colored Antshrike
Thamnophilus nigrocinereus choca-preta-e-cinza Blackish-gray Antshrike
Thamnophilus punctatus choca-bate-cabo Northern Slaty-Antshrike
Myrmoderus ferrugineus formigueiro-ferrugem Ferruginous-backed Antbird
Hypocnemoides melanopogon solta-asa-do-norte Black-chinned Antbird
Myrmoborus myotherinus formigueiro-de-cara-preta Black-faced Antbird
Myrmoborus lugubris formigueiro-liso Ash-breasted Antbird
Percnostola subcristata formigueiro-de-hellmayr Hellmayr’s Antbird
Hypocnemis hypoxantha cantador-amarelo Yellow-browed Antbird
Hypocnemis cantator cantador-da-guiana Guianan Warbling-Antbird
Conopophaga aurita chupa-dente-de-cinta Chestnut-belted Gnateater
Formicarius colma galinha-do-mato Rufous-capped Antthrush
Xiphorhynchus obsoletus arapaçu-riscado Striped Woodcreeper
Dendroplex kienerii arapaçu-ferrugem Zimmer’s Woodcreeper
Lepidocolaptes albolineatus arapaçu-de-listras-brancas Lineated Woodcreeper
Tyranneutes virescens uirapuruzinho-do-norte Tiny Tyrant-Manakin
Pipra filicauda rabo-de-arame Wire-tailed Manakin
Lepidothrix serena uirapuru-estrela White-fronted Manakin
Tityra cayana anambé-branco-de-rabo-preto Black-tailed Tityra
Rupicola rupicola galo-da-serra Guianan Cock-of-the-rock
Xipholena punicea anambé-pompadora Pompadour Cotinga
Platyrinchus platyrhynchos patinho-de-coroa-branca White-crested Spadebill
Mionectes oleagineus abre-asa Ochre-bellied Flycatcher
Phylloscartes virescens borboletinha-guianense Olive-green Tyrannulet
Tolmomyias assimilis bico-chato-da-copa Yellow-margined Flycatcher
Todirostrum pictum ferreirinho-pintado Painted Tody-Flycatcher
Inezia subflava amarelinho Amazonian Tyrannulet
Tyrannulus elatus maria-te-viu Yellow-crowned Tyrannulet
Phaeomyias murina bagageiro Mouse-colored Tyrannulet
Pitangus sulphuratus bem-te-vi Great Kiskadee
Empidonomus varius peitica Variegated Flycatcher
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora Southern Rough-winged Swallow
Pheugopedius coraya garrinchão-coraia Coraya Wren
Cyphorhinus arada uirapuru-verdadeiro Musician Wren
Ammodramus aurifrons cigarrinha-do-campo Yellow-browed Sparrow
Arremon taciturnus tico-tico-de-bico-preto Pectoral Sparrow
Molothrus oryzivorus iraúna-grande Giant Cowbird
Lamprospiza melanoleuca pipira-de-bico-vermelho Red-billed Pied Tanager
Tangara punctata saíra-negaça Spotted Tanager
Tangara episcopus sanhaçu-da-amazônia Blue-gray Tanager
Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro Palm Tanager
Hemithraupis flavicollis saíra-galega Yellow-backed Tanager
Lanio cristatus tiê-galo Flame-crested Tanager
Ramphocelus carbo pipira-vermelha Silver-beaked Tanager
Cyanerpes cyaneus saíra-beija-flor Red-legged Honeycreeper
Dacnis cayana saí-azul Blue Dacnis
Sporophila castaneiventris caboclinho-de-peito-castanho Chestnut-bellied Seedeater
Euphonia chrysopasta gaturamo-verde Golden-bellied Euphonia

 

Custos detalhados da viagem

Se você precisar reduzir o custo da viagem, as sugestões são:

– 3 pessoas. Mais do que isso fica apertado no carro. Mesmo em 3 pode haver problemas pro porta-malas. A gente alugou um Duster ou similar, e recebemos o similar, um Ecosport que tem o porta-malas muito menor do que do Duster. Tripés e mochilona de câmeras fazem muito volume, só as nossas bagagens ocuparam o porta-malas, e as coisas do Gabriel ficaram no banco (incluindo o tal isopor). Não sei se ficar ligando uns dias antes pra locadora ajuda a garantir o Duster.

– A ZF2 é maravilhosa, mas se precisar cortar custos, fique só com a torre do Musa. Os bichos são diferentes nos dois lugares, a vista da ZF2 impressiona mais, mas budget é budget.

– Anavilhanas foi muito legal, mas vimos que também dá pra ter bastante diversão em Presidente Figueiredo e Manaus.

– O preço da diária do Gabriel é um chute, não perguntei pra ele, só sei que ele, a Vanilce e o Luiz Fernando cobram diferente por quantidade de pessoas. O Gabriel está cobrando R$ 250 para duas pessoas, então chutei que 3 sairia por R$ 300.

– Nessa simulação, sairia por R$ 2.300 por pessoa a parte terrestre.

 

Melhor época para passarinhar em Manaus

De junho a início de dezembro.

Por algum acaso topei com umas fotos feitas em março, que pareciam ter bastante luz, mas na opinião do Gabriel ir entre meados de dezembro até maio você corre o risco de pegar bastante chuva por dias. Nos outros meses não é que você não vai pegar chuva, você só pega menos chuva. E lembrando que julho e agosto são meses que faz bastante calor, de mais de 35 C. Ele falou que no primeiro semestre há alguns lugares interessantes no Acre onde não chove tanto. Ele e o Tomaz Melo vão estudar os roteiros.

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