Viagem: o último grande pedaço de Cerrado no Sudeste – Canastra, ago/11

Os campos limpos do cerrado lembram muito as planícies africanas. Não temos a exuberância dos animais grandes, mas há o encantamento dos pequenos, em especial as aves. Não é um lugar de grandes quantidades, mas cada avistamento vale muito a pena, são bichos muito bonitos.

De dentro do carro, comendo pó porque você quer ver tudo, estar pronto se o bicho aparecer. Poeira e um sol de amolecer os miolos, mesmo com litros d´água ingeridos, protetor solar, chapéu, blusa de manga comprida.

Cruzamos com um outro carro que parou e quis saber o que já tínhamos visto. Nos acostumamos a falar “nada, só umas aves”. O moço tinha uma câmera com tele, mas não perguntou quais aves, e pelo visto estava atrás de tamanduás, veados, lobos.

Eu queria ver um tamanduá com filhote e o pato mergulhão. Vi os dois, mas infelizmente sem fotos boas. Pra compensar, graças ao Geiser Trivelato, das 33 espécies que seriam lifers, consegui 18, todas as que eu tinha marcado como prioridade.

Soube por acaso, em uma troca de e-mails com o Geiser. Me enfiei na viagem de outras pessoas, por sugestão do Cris. “Não quero atrapalhar”, “Pergunte. Se eles não quiserem que você vá eles falam”, e assim eu fui. Na viagem do Mathias Singer, Luiz Ribenboim e Rafael Fortes, com o Geiser Trivelato como guia. O pai do Geiser, o Ari, também foi com a gente. Luiz e Rafa focados em beija-flores; eu, Mathias, Ari e Geiser passeando pelo cerrado em geral.

Já conhecia todo mundo menos, o Mathias, um gentleman, tranqüilo e generoso. Lindas fotos, e bem ágil para registrar. Conseguiu fotos excelentes onde fracassei (o rasante da águia-chilena e do urubu-rei).

O pato-mergulhão é uma espécie ameaçada de extinção. Além de só viver em águas limpas, sofre a praga das lontras. Um pesquisador nos falou que em 2010 todos os filhotes foram predados ou não chegaram à idade adulta, zero de aumento pra população.

O pedaço mais provável para ver o pato-mergulhão, terreno particular com área para o camping Nova Era (se não me engano é esse o nome, o Geiser sabe, o pessoal do hotel também). Como aquele riacho de águas limpas podia ser área pra camping, e não de preservação?

Local maravilhoso onde algumas semanas antes um casal de patos-mergulhões pousou na frente do Geiser e do homem que ele estava guiando. Vimos o famoso pato, mas não demos  mesma sorte. Passou de relance, desceu o rio, e não voltou, apesar de termos ficado quase 1h sentados na ribanceira, pra ver se ele voltava.

– Menos longe do que se imagina. De São Paulo são umas 7h30, de Jacutinga num domingo dá pra fazer em 5h.

– Vários trechos de estradas bons e razoáveis. Os piores trechos não são obrigatórios

– Excelente comida mineira, em especial dos lugares simples como em Vargem Bonita, em que você entra numa sala (o único restaurante, em frente à praça), há o fogão e você se serve direto das panelas, comida caseira deliciosa por R$ 10

– Vale a pena contratar um guia. O Geiser Trivelato fez acordo com algumas pousadas, e quem o contrata não precisa pagar a estadia dele, o custo dele fica sendo a diária de R$ 100 mais alimentação (e transporte, se você não passar por Jacutinga para pegá-lo).

– Estadia no Chapadão da Canastra a R$ 55 com café-da-manhã

– Não fizemos isso, mas vimos que é possível algo como ir de ônibus e contratar um carro com motorista lá em São Roque, por algo como R$ 150 a R$ 200 / dia, dependendo do carro e do acordo.

Lista de avistamentos e fotos em Vargem Bonita e São Roque de Minas, de 16 a 20 de agosto de 2011, Geiser Trivelato como guia